29.11.08

Porque sim...

Há muito que queria iniciar este blog. Fui desenhando-o devagarinho, por manifesta falta de jeito e ainda mais falta de tempo. Pensei num nome, depois noutro, e noutro ainda. Fiquei-me pelo Biscoito por razão nenhuma. Gosto da palavra. E de biscoitos também.

Não é sobre culinária – quem me conhece nem pensaria tal coisa. Na verdade é sobre tudo, ou sobre os nadas dos dias comuns de uma mulher comum, que é mãe sozinha, e jornalista, e apaixonada por tudo o que tenha a patine do tempo ou o musgo do campo, e por livros, e por fotografias, e por amigos verdadeiros, e por pessoas simples que sorriem tristezas e transpiram carácter.

Sou também uma gralha, daquelas que só não fala pelos cotovelos porque a anatomia não o permite. Mas ando insatisfeita. À noite, depois de deitar a minha criatura pequenina, a casa fica muda. As paredes não me respondem quando falo para o ar. Não saltaram comigo quando o Obama foi eleito, não sorriram troceiras com a derrota do Benfica (e só porque fui gozada com o resultado do Sporting), não me elogiam os «crafts» que me saem das mãos nem me dão umas bofetadas de sensatez quando insisto em querer quem não me quer.

O meu melhor amigo diz-me que sou naturalmente feliz, que nem com esforço me tornarei amarga e pessimista. Mas nos últimos tempos anda a rodear-me uma tristeza que afasto a pontapés de «body combat». Por isso, antes que a minha inépcia para as artes marciais (estilo «holmes place») deixe entrar essa nuvem negra no meu mundo de ideais e contos de fadas, criei este espaço para falar. Conto com vocês para a réplica (e prometo ‘posts’ mais pequenos).